Fotos: Sophia Morais, Lucas Menezes, Gabriel Oliveira
Clipping: Confira reportagem da TVE Bahia sobre a exposição ninho dos cobras
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Herpetólogos de todo o Brasil se despedem de Salvador. Confiram o que ocorreu na Cerimônia de Encerramento e Premiações do VI Congresso Brasileiro de Herpetologia
Após uma semana cheia de palestras, simpósios, minicursos, conferências, painéis, trocas de ideias entre pesquisadores de diversas universidades nacionais e internacionais, concursos e exposições de resultados de pesquisas, o Congresso Brasileiro de Herpetologia se despediu de Salvador, no dia 26 de julho.
Durante a finalização das atividades foram anunciados os vencedores dos concursos de fotografia e dos painéis que foram apresentados durante todos os dias do evento. Entre os vitoriosos, destaque para a jovem pesquisadora Valentina Zaffaroni Caorsi que ficou em primeiro lugar no concurso de fotografias na categoria Anfíbios tanto na escolha popular quanto na do júri técnico, com a foto Endemismo do Planalto das Araucárias. Valentina levou ainda o primeiro lugar no concurso de painéis apresentados no dia 23 de julho, com o trabalho “Estudo da identidade taxonômica de melanophyniscus macrogranulosus braun, 1973 e M. cambaraensis braun & braun, 1979, duas espécies de extinção do extremo sul da Mata Atlântica”, uma parceria com Taran Grant e Márcio Borges Martins.
Além dos agradecimentos feitos e das premiações entregues, foi anunciada também a cidade que sediará o próximo CBH. Em 2015, os herpetólogos de todo o Brasil se reunirão em Gramado, Rio Grande do Sul e terão a oportunidade de conhecer a cultura e a diversidade biológica da cidade.
Confira a seguir a lista dos vencedores dos concursos de fotografia e dos painéis apresentados:
Entrevista: Thaís Guedes
Em entrevista à Agência de Notícias, a pesquisadora Thaís Guedes, pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), trata da importância da análise de padrões de distribuição de espécies de anfíbios e répteis. Além disto, explica o que é a Biogeografia Integrativa e como ela pode contribuir para a conservação da herpetofauna. Guedes foi uma das ministrantes do simpósio “Biogeografia e Conservação Aplicadas à Herpetofauna”, realizado no dia 22 de julho, durante o VI Congresso Brasileiro de Herpetologia, no Hotel Fiesta, em Salvador.
POR EDVAN LESSA*
Ciência e Cultura – Quais são os eventos que mais impactam a fauna de anfíbios e répteis no Brasil?
Thaís Guedes – Podemos listar vários eventos que causam impacto à herpetofauna brasileira. A perda e destruição de habitats é tratada pela IUCN (International Union for Conservation of Nature) como a principal causa de perda da biodiversidade no mundo, e no Brasil não é diferente. Nossas paisagens naturais vêm sendo destruídas e substituídas por lavouras, em sua maioria, de soja e cana-de-açúcar e áreas de pastagem extensiva. Muitas espécies não sobrevivem em ambiente alterado e tais atividades antrópicas resultam na extinção de espécies cuja sobrevivência depende da heterogeneidade e peculiaridades do ambiente natural.
Ciência e Cultura – A biogeografia seria a principal saída para proteger a biodiversidade? Como ela pode ajudar na conservação da herpetofauna?
Thaís Guedes – A ciência da conservação da biodiversidade deve ser integrativa e utilizar diversas informações como ferramentas para promover a conservação das espécies e suas áreas naturais. A biogeografia pode ser mais uma dessas ferramentas. Análises de padrões de distribuição das espécies são fundamentais para planejamentos de conservação, como a escolha de locais para localização das reservas e ações de conservação que devem, pelo menos, representar os padrões de biodiversidade atual.
Ciência e Cultura – E do que se trata a biogeografia integrativa?
Thaís Guedes – É objetivo da biogeografia descrever os padrões de distribuição dos organismos do planeta e explicar a história que teria conduzido a tais configurações espaciais. Tal compreensão só é possível à luz da biogeografia integrativa, que busca unir informações a respeito dos organismos, suas relações filogenéticas, padrões de distribuição geográfica e ecologia sob um cenário de eventos geológicos e históricos. Certamente, é um sistema complexo a decifrar e que necessita da integração de diversas áreas como a ecologia, geografia, sistemática, geologia, entre outras, para efetivamente alcançar seu objetivo.
Ciência e Cultura – Os anfíbios e répteis da América do Sul despertam bastante interesse dos herpetólogos do País. Existe alguma particularidade desses animais em relação aos de outros lugares do mundo?
Thaís Guedes – Despertam bastante interesse dos pesquisadores do Brasil e do mundo. Acredito que o interesse dos pesquisadores segue a ordem de grandeza de sermos um país megabiodiverso e do fato de que há muito o que investigar aqui. Temos lacunas importantes no conhecimento básico que devem ser preenchidas: provavelmente há muitas espécies por descrever, ainda não conhecemos a distribuição geográfica e atributos ecológicos de muitas espécies formalmente descritas e também não temos informações filogenéticas suficientes. Essas informações são fundamentais para nortear estudos mais complexos que envolvem os padrões e processos geradores da biodiversidade e que abastecem varias áreas das ciências biológicas.
Ciência e Cultura – Como ocorre a distribuição geográfica desses animais aqui? Existem padrões?
Thaís Guedes – A biogeografia é a ciência interessada em compreender os padrões de distribuição da diversidade no globo. Postula que as espécies não estão distribuídas ao acaso, e sim agrupadas em determinadas áreas, ou seja, existe uma regionalização da biota. Para a herpetofauna brasileira, os estudos biogeográficos ainda são incipientes, contudo, existem publicações recentes usando métodos biogeográficos e que detectam padrões de distribuição de répteisSquamata do Cerrado e anfíbios da Caatinga, por exemplo. Alguns outros trabalhos nesta linha estão em vias de publicação e também detectam áreas de endemismo para serpentes da Mata Atlântica e da Caatinga. Apesar da complexidade da distribuição da herpetofauna, existem sim padrões e estes estão sendo detectados graças ao emprego de vários métodos da biogeografia.
Ciência e Cultura – Durante o doutorado você trabalhou a diversidade e biogeografia de serpentes da Caatinga. Quais são as contribuições deste trabalho para o campo da Herpetologia?
Thaís Guedes – As contribuições deste trabalho são diversas. É um amplo estudo sobre riqueza, história natural, distribuição geográfica e biogeografia das espécies de serpentes na região da Caatinga, reunindo informações obtidas a partir da análise de cerca de 7,5 mil espécimes tombados em coleções científicas. Os resultados obtidos revelam que a Caatinga mostra elevada riqueza de espécies e abriga um número considerável de endemismos. O estudo também traz informações detalhadas sobre história natural e distribuição de todas as espécies, que são dados básicos para estudos biogeográficos e para o delineamento de estratégias de conservação nesta região. Revela também que a Caatinga não é homogênea, mas sim regionalizada, pois os padrões de distribuição das serpentes na área estão relacionados a eventos de vicariância. Oito áreas de importância biogeográfica foram detectadas na Caatinga e estas corroboram as maiores divisões topográficas, pedológicas e vegetacionais conhecidas para a região. Os resultados obtidos correspondem a subsídios importantes para a conservação das serpentes e da Caatinga.
Ciência e Cultura – Há alguma descoberta recente acerca da ordem Squamata que ocorre nas formações de vegetação aberta da América Meridional?
Thaís Guedes – No que diz respeito às formações abertas sul-americanas, a descoberta envolve um novo olhar sobre estas áreas: Caatinga, Cerrado, Pantanal e Pampas. Outrora consideradas pobres em relação ao número de espécies e endemismos, sem uma fauna própria e, portanto, de baixa prioridade para conservação, agora passam a ser vistas como áreas que abrigam uma fauna complexa com elevada riqueza e endemismo de espécies e regionalizada, ou seja não-homogênea. Trabalhos de descrição de novas espécies, ecologia, biogeografia e filogeografia vêm ressaltando a importância destas áreas e sua fauna nos complexos processos de diversificação da biota Neotropical.
Ciência e Cultura – Além do que discutimos aqui, poderia explicar um pouco o que foi abordado durante do VI Congresso Brasileiro de Herpetologia?
Thaís Guedes – Participei do congresso de duas formas: como coordenadora do minicurso “Biogeografia e conservação aplicadas à herpetofauna” e como palestrante do simpósio “Biogeografia de serpentes neotropicais: integrando evolução e conservação”. No minicurso abordamos a filosofia da biogeografia, métodos utilizados para responder as principais perguntas biogeográficas e discutimos trabalhos científicos relevantes na área. Ao longo do minicurso colocamos a “mão na massa”, pois contaremos com aulas práticas de alguns métodos utilizados em biogeografia. No simpósio, foi abordada a biogeografia baseada em padrões, usando como modelo dados de distribuição e hipóteses filogenéticas de serpentes, cujo objetivo é reconhecer relações entre as biotas neotropicais.
*Edvan Lessa é estudante de Jornalismo da Facom-UFBA e bolsista da Agência de Notícias Ciência e Cultura.
Herpeto Tattoos no VI Congresso Brasileiro de Herpetologia!
Veja as tatuagens de anfíbios e répteis de alguns participantes do VI Congresso Brasileiro de Herpetologia!
Confira fotos das atividades da última quarta-feira, 24 de julho!
A programação do terceiro dia do VI Congresso Brasileiro de Herpetologia foi diversa. Além das conferências, simpósios e apresentações orais, também foi dia de concurso de vocalização, lançamento de publicações e leilão de livros antigos. Veja fotos da movimentação desta quarta-feira:
Fala Participante! Veja o que dizem os congressistas sobre o VI CBH!
Os participantes do VI Congresso Brasileiro de Herpetologia estão curtindo uma intensa programação organizada para cinco dias de minicursos, discussões, apresentações, concursos e muito mais. Saiba o que os congressistas estão achando das atividades propostas pelo VI CBH!
Os “Cobras” da herpetologia estão no CBH!
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Quem se interessa por uma área do conhecimento quer conhecer os “feras” no assunto. Na sexta edição do Congresso Brasileiro de Herpetologia, a exposição “Ninho dos Cobras” apresenta, dos dias 22 a 26 de julho, os “cobras” em répteis e anfíbios do Brasil. A ideia é expor à sociedade baiana acervos de nove museus que trabalham com estes animais em diferentes regiões do país. Por apresentar essa riqueza de informações e conhecimento, o CBH 2013 aposta na exposição principalmente como um espaço para a comunidade escolar da educação básica ao ensino superior.
Durante os cinco dias de congresso, o “Ninho dos Cobras” pretende despertar na sociedade o entendimento sobre a importância dos museus para a preservação da memória da biodiversidade nacional. Entre as nove instituições participantes estão a Universidade Federal da Bahia, o Instituto Vital Brazil e a Casa de Vital Brazil, a Fundação Ezequiel Dias, o Instituto Butantan e a Universidade Estadual de Feira de Santana.
De acordo com a bióloga Rejâne Lira, coordenadora da exposição, os espaços museais têm sido negligenciados pelas instituições e governos nacionais, o que coloca em risco o patrimônio que é apresentado por estes espaços e que representam o Brasil. Além disso, segundo a pesquisadora, a comunidade baiana sente falta de museus voltados à biodiversidade nacional. A estes problemas, a exposição responderá como estiver ao seu alcance: “de maneira inovadora propomos suprir esta lacuna, pelo menos durante uma semana, onde as pessoas poderão conhecer os acervos dos principais museus brasileiros e as pesquisas realizadas por eles”, explica a Rejâne.
O “Ninho dos Cobras” está à disposição da população baiana das 10h às 17h no período e local em que ocorrerá o VI CBH, no Hotel Fiesta, em Salvador. A visitação é gratuita e escolas interessadas em levar grupos de alunos devem proceder com agendamento antecipado através do telefone (71) 3283-6564.
Fotos: Lucas Menezes e Sophia Morais
Programação desta quarta-feira inclui lançamento de publicações
Na programação desta quarta-feira, 24 de julho, terceiro dia do VI Congresso Brasileiro de Herpetologia, está incluído o lançamento de publicações da área. A sessão de autógrafos dos títulos a serem lançados está agendada para as 18:30h, ao término das sessões de comunicação oral. Confira os nomes e autores das publicações:
Serpentes do Rio Grande do Sul – Arthur D. Abegg e Omar M. Neto
Herpetólogos do Brasil – Raoni Rebouças
Anfíbios – Guia Interativo – Fazenda Rio Claro – Fabio Maffei e Flávio K. Ubaid
Guia de Anfíbios da Mata Atlântica – Célio Haddad, Luis F. Toledo, Cynthia Prado, Daniel Loebmann, João Luiz Gasparini e Ivan Sazima
Guia de Serpentes da Mata Atlântica – Giuseppe Puorto e Felipe C. Lopes
Edição Especial da Gazeta Médica da Bahia – Organização de Rejâne Maria Lira-da-Silva
Edição especial da Gazeta Médica da Bahia será uma das publicações lançadas nesta quarta-feira, durante a programação do VI CBH.
Chegou o Herpeto News 2! Faça o download em PDF!
Já chegou às dependências do Fiesta Bahia Hotel a segunda edição do Herpeto News! Já pegou o seu? Faça download também em PDF: Herpeto News Edição 2